Depois de Sábado ter ido à última aula de natação, hoje foi dia de ter (provavelmente) a última sessão de acunputura. Enquanto me punha as ventosas e as agulhas, a drª Chen falava do trabalho, dizia-me que não se podia queixar de falta de clientes mas curiosamente faltava-lhe era gente para trabalhar.
- Preciso de pessoas qualificadas e nem imagina o quão difícil é conseguir. Diz-se que não há emprego mas eu vejo pelas pessoas que vêm até aqui que não estão dispostas a fazer sacrifícios! Respondem à entrevista e quando, por exemplo, pergunto se foram ao nosso site conhecer melhor o que é o centro, ninguém foi, ou seja, nem sequer existiu essa curiosidade. Depois ninguém está para ter hora de almoço rotativa, por mais que eu explique que há muitos pacientes que aproveitam a hora de almoço para fazer tratamentos por isso não podemos ir todos almoçar ao mesmo tempo... e por fim ninguém quer ficar até tarde. Explico que há clientes que só podem vir depois do trabalho e que temos que atender e ninguém está para isso! Não há flexibilidade nenhuma. Querem é saber quanto ganham e como aqui não se começa logo a ganhar fortunas dizem que não estão interessados. Diga-me lá se isto é ou não é de uma pessoa ficar incrédula com os tempos que atravessamos?!!!"
- Sem dúvida... é um tipo mentalidade que penso não resistirá muito mais tempo no atual estado das coisas.
Ao fim de uma hora e meia saio mais leve e vou no carro a pensar neste discurso quando paro num sinal vermelho na Praça de Espanha e me chama a atenção um cartaz, na mão de um rapaz de 20 e poucos anos que estava a pedir acompanhado por um amigo, que dizia "estou a pedir para as propinas mas também aceito sorrisos!"
O país está assim, cheio de contrastes.