Já antes de estar grávida me incomodava mas agora é coisinha que transtorna à séria o meu sistema nervoso. O meu rapaz fuma, fuma muito, coisa para um macinho de cigarros por dia o que me tira do sério. Diz, claro que quer deixar de fumar, que quer muito (tanto pela saúde como pelo gasto), mas as promessas continuam, os dias passam, e nada nem sequer tenta à séria e é isso que me irrita. Não o facto de não conseguir mas sobretudo o de não tentar.
Apesar de apenas fumar nas varandas cá de casa e nunca no interior, a verdade é que o cheiro fica nas mãos, na roupa, no beijo que se dá e não há cheiro pior aqui para a grávida neste momento. E torno-me chata e maçadora e quase que insuportável. Eu que gosto de respeitar o ritmo de mudanças do outro e que já fui fumadora vejo-me aqui num dilema (qual Maya qual quê!), o de ser chata e ao mesmo tempo ter muita dificuldade em deixar de o ser. Se a coisa me incomoda torna-se inevitável falar nela.
Até que hoje a minha "sogra" me diz isto:
- Acho que quanto mais lhe dizemos para deixar de fumar pior é, não achas?!
- Claro que acho mas também sou incapaz de ignorar...
- Mas sabes se calhar é isso que tens que fazer, já sabemos que ele só vai mudar quando quiser. É informado e sabe o mal que lhe faz portanto cria-lhe regras além da que já tem de não fumar em casa. Por exemplo, não se chegar perto de ti quando acaba de fumar, lavar sempre as mãos, nunca se deitar logo após ter fumado para não levar o cheiro para a cama e por ai em diante... Cria-lhe mais regras e não lhe fales mais no assunto, percebeste?
- Percebi...não me parece má ideia, digo a rir-me.
- Então faz isso e daqui a uma semana falamos, pode ser?!
- Pode, pode, respondo ainda a rir-me.
E desligou o telefone feliz e contente com a sensação de me ter dado uma receita milagrosa.
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