Todos os dias encostava a caixinha de música à minha barriga. Todos os dias imaginava o que sentia o Francisco quando ouvia. Eu ficava feliz e penso que essa felicidade passava. A música, ao contrário do que se possa pensar, tem um papel importante durante a gestação e foi precisamente quando estava grávida que descobri o trabalho de excelência de Paulo Lameiro, mentor e pioneiro dos concertos para bebés em Portugal. Com ele troquei algumas impressões e ficou decidido que assim que pudesse o Francisco iria ter o seu primeiro concerto. O que aconteceu hoje, com seis meses e meio!
Às 10h da manhã lá estávamos os três à porta do Olga Cadaval, em Sintra. Eu só pensava, e se o miúdo desata num berreiro? E se não gostar de estar ali? Mas tudo está pensado. Há regras para os adultos, claro, que os bebés são os protagonistas e devem sentir-se à vontade e a primeira é: "se chorarem não faz mal". Pronto, então não há razão para correr mal, pensei. E não houve. Melhor era impossível, aliás. Com muita pena minha (apesar de compreender perfeitamente), não se pode tirar fotografias durante o concerto, se não, era possível ver os grandes olhos curiosos do Francisco, absolutamente deslumbrados com tudo o que se passava á sua volta. Os sons do clarinete e do trompete que invadiam a sala e de vez em quando se aproximavam dele, as notas de jazz que saiam do piano tocado por Mário Laginha, as vestes originais de todos os interpretes... enfim, toda a interação dos músicos com os bebés é qualquer coisa de espetacular! Mesmo!
No final, cada interprete pegou num bebé para fazer, ao som de uma música animada, uma volta à sala em modo de despedida. A Isabel (com quem falei à saída) pegou no Francisco e lá foi ele feliz e contente, como se a conhecesse desde sempre, rodopiar pela sala ao som de notas divertidas.
Foi uma manhã cheia de magia, que vale a pena repetir! Para quem não conhece o projeto é só ir até aqui, a música faz o resto!
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