domingo, 13 de março de 2011

Porque fui à manifestação da geração "à rasca"

Ontem fui à manifestação. Fui à manifestação, apesar de no dia anterior no local de trabalho, o tema ser amplamente discutido. Porque uma manifestação que era supostamente "apartidária", começava a ter a adesão do bloco de esquerda, da JSD, do partido nacionalista,  e falava-se claro de que esta era uma manifestação contra o governo. Ou seja o aproveitamento politico estava a ser tal, que a coisa começou a cheirar-me mal. Depois reflecti e pensei eu vou pelas minhas razões e pelas razões do verdadeiro manifesto, que dizia que era uma manifestação “apartidária, laica e pacífica”. 
E fui, fui porque terminei o meu curso há 12 anos (portanto foram muitos os governos, e não apenas este, que tiveram na mão esta realidade e nada fizeram) e mesmo a trabalhar em bons meios de comunicação social, nunca conheci outra realidade que não fossem os recibos verdes! Fui porque cumpro horários, recebo ordens hierárquicas e sou mais uma entre milhares que tem falsos recibos verdes e portanto sou uma falsa trabalhadora independente. Fui porque não tenho subsidio de desemprego, não tenho subsidio de férias,  e se ficar doente em casa, não tenho direito a nada! Fui porque se temos deveres temos que ter direitos. Fui porque somos demasiados jovens com esta realidade. Somos demasiados precários.


Os recibos verdes que deviam servir como forma de pagamento para trabalhos eventuais, passaram a ser utilizados falsamente porque dão jeito a quem emprega! O próprio Estado é um grande exemplo disso, e os meios de comunicação que tanto falam do assunto, são dos maiores empregadores de precariedade. A verdade é essa! Há muito falso moralismo aqui pelo meio e não falta quem fale muito, para não dar exemplo nenhum. 
Eu felizmente não sou “quinhentoseurista” mas sim “mileurista”, contudo, considero que devia ser mais bem paga, que o trabalho que faço devia ser mais bem remunerado, pois sei que mereço mais e melhor. Aliás, tenho colegas na minha sala, a fazer o mesmo trabalho que eu e a ganhar mais por isso! Podem dizer-me, “ha, mas estás melhor que muitos”. Claro que sim, mas o objectivo é olhar para cima,  e reger-me pelos bons exemplos e  não olhar para baixo e ter como barómetro os piores.
Por isso, ontem fui à manifestação e gostei, gostei de ver pais e mesmo avós a acompanharem filhos e netos. Fui com amigos, mas sei que se o meu pai estivesse vivo estaria lá ao meu lado. Toda a vida foi um homem de grandes ideias e convicções, e era o primeiro a dizer bem de uma geração que nada tem de rasca, mas sim, que vive “à rasca”.
Fui por mim ( e também por ele que me passou uma herança, de valores e ética, grandiosa) e senti-me muito bem.

1 comentário:

nuria blanco disse...

Eu fui contigo querida, foi muito energizante e divertido; graças a Deus não estou à rasca, mas fui protestar na mesma porque acho que os recibos verdes nem deviam de existir....O trabalho precário só cria escravos e inestabilidade social. Como querem que o país cresca assim? beijos