quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Quando o feng shui é a escolha

Depois de quase dois anos de construção, a casa de férias na aldeia mais portuguesa de Portugal, está praticamente terminada. Agora está a chegar a parte do recheio, de comprar móveis, sofás, cadeiras, camas, quadros, e tudo e tudo e tudo. 
Andava eu maravilhada e apaixonada pela ideia de comprar uma cama de cabeceira alta em capitoné, até que a minha querida B., amiga de longa data e arquitecta/consultora de feng shui (que me tem auxiliado com o projeto de raiz), me diz que não é o apropriado para o meu meu quarto.
- Não é?!
- Não amiga, o teu quarto é energia árvore. E esse material não tem nada a ver...
- Hummm, então a cama tem que ser toda em madeira, é isso?
- Convêm. Quer dizer, o que te estou a dizer é o que é mais apropriado, mas também convêm que gostes, porque a casa é tua e tens que te sentir bem nela, sobretudo.
- Claro! Nem faz sentido de outra forma, aliás. Bem, vou tentar conciliar o melhor de dois mundos e vou tentar sentir-me bem com uma outra mobília de quarto. 
Que merda, pensei com os meus botões. Quem me manda a mim ligar a estas coisas. Já podia ter tudo escolhidinho e pronto, não se falava mais no assunto. Mas não tive outro remédio se não visitar outras lojas, se não a minha consciência não ficava em paz. Até que vi um quarto que adorei, de madeira, linha romântica, todo em branco. E disse-lhe.
- Branco, como? Diz-me ela.
- Branco, branco sei lá...
- Mas é contraplacado?
Pensei "ui ui ui, que isto agora vai ser bonito!"
- Não sei bem... Aquilo parece-me madeira mesmo, agora sei lá eu se é contraplacado. 
- É que faz diferença. Uma coisa é ser madeira pintada de branco outra coisa é ser contraplacado ou outra coisa qualquer que para ai se vende. Amiga, o material tem importância.
Tirei dúvidas na loja, e soube que era realmente madeira pintada de branco. 
- É melhor, mas já sabes que o ideal era ser de madeira e ter a cor natural.

E pronto, hoje vou definitivamente à loja, com a minha querida mãe, já pronta a fazer a encomenda, e quando chego lá, curiosamente a cama de madeira pintada de branco está ao lado de outra igualzinha, mas em madeira castanha! Parecia o destino a testar-me. C`um caraças!!!! Olho para as duas vezes, vezes sem conta. Desvio o olhar para pedir ao empregado que me mostre o guarda roupa, para ganhar tempo para refletir. E foi ai que desabafei...

- Estou mesmo indecisa... 
- É fácil, diz-me o empregado, de qual gosta mais?
- Não se... Acho que da branca, mas parece que a castanha faz mais sentido no meu quarto.
- Como assim?
- Segundo o feng shui, percebe?
É ai que o empregado olha para mim, e já sem se conter a rir, diz:
- Não me diga que você acredita nessas coisas? 
- Claro, se não acreditasse não lhe dizia. Para mim é importante, mas tenho noção que maior parte das pessoas não liga nenhuma, e não me espanta, porque na verdade a maior parte nem sabe bem do que se trata.
- Isso é verdade. Eu próprio não sei bem. Diz-me ele, cheio de paciência, boa disposição e sinceridade.
Volto ao local das camas, olho para as duas mais não sei quantas vezes, e oiço as palavras da B. "a madeira castanha vai-te dar a sensação de maior conforto, de mais calor, acho que vais sentir-te melhor do que na cama branca, que é fria".
Fez-me tudo sentido. Gosto de ambientes confortáveis, acolhedores e quentes. E disse.
- Levo em castanho! Está decidido! 
Realmente tem mais a ver comigo, pensei.

Isto foi apenas o começo de uma jornada que se adivinha grande, e cheio de escolhas esmiuçadas. "Mas há decisões que vão surgir  sem dificuldade porque fazem naturalmente sentido só naquele local, já me disseste várias coisas e vais ver que tudo vai fluir". 
Se podia não ligar nenhuma ao feng shui, claro que podia! Mas não seria a mesma coisa. Cada um tem as suas pancadas, e esta é assumidamente uma das minhas, nada grave, mas  algo trabalhosa.

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