segunda-feira, 21 de maio de 2012

Dar o corpinho ao conhecimento da saúde nacional

Há poucos meses recebi um telefonema do Instituto Ricardo Jorge a dizer que tinha sido seleccionada para, caso aceitasse, fazer parte de um estudo cujo objetivo era conhecer a prevalência dos principais fatores de risco cardiovascular na população portuguesa.
Resumindo, este estudo denominado e-Cor pretende saber como os portugueses tratam do coração. Por isso, de todos os centros de saúde do país foram seleccionadas, por computador, 1700 pessoas. Do distrito de Lisboa precisavam de quatro, repito quatro, pessoas entre os 18 e os 34 anos, e bingo! Calhou-me a mim. Qual euromilhões qual quê! Pensei, se o computador decidiu quem sou eu para lhe fazer uma desfeita?! E aceitei, com gosto claro. 
A cada participante foi pedida uma colheita de sangue em jejum,  resposta a um questionário sobre os estilos de vida e a realização de um exame físico (medição do peso, altura e do perímetro abdominal).  Tudo ok, valores bonitinhos, estilo de vida saudável, agradecimentos dados, e pronto. Ia já a sair quando no final me interpelaram "sabe o que lhe queríamos pedir, se não se importava de participar num outro estudo?! Também é importante e de certa forma complementa este. É um estudo para saber a prevalência de fígado gordo. "A vontade de rir veio em força mas contive-me. Olhei para a rapariga com ar querido e simpático e pensei o que é que custa?! Disse "Não me importo nada". Explicou-me que me iriam ligar posteriormente a marcar. 
Já não me lembrava deste pedido quando na semana passada o telefone tocou. Tarda mas não falha. Continuavam a contar comigo para saber se o meu fígado era gorduroso. Desta vez o exame era no Santa Maria. E hoje lá fui eu depois do trabalho. Feitas apresentações deito-me e a médica diz-me "neste caso vamos saber em que estado está o seu fígado e a sua vesícula, se há gordura, fibroses ou pedras..." Tudo a favor do conhecimento, penso. Já deitada diz-me que tudo é indolor. O Fibro Scan, uma máquina de tecnologia avançada (que me dizem que há apenas duas no país, uma em Lx e outra no Porto) diz-me que felizmente de gordo o meu fígado não tem rigorosamente nada! Nadica de nada! Segue-se uma ecografia. "Isto não é uma ecografia abdominal, não pense, é apenas ao fígado e à vesícula. Neste caso só vimos estes dois orgãos."As imagens aparecem no ecrã e oiço "tem um fígado e uma vesícula bem bonitos! Tudo muito bom, nem gorduras, nem fibroses nem pedras na vesícula. Que maravilha!" Fiquei orgulhosa de mim pelo resultado e por fazer este tipo de "voluntariado". 
Saio do hospital contente da vida e a pensar que gosto disto, de dar o corpinho a favor do conhecimento da saúde nacional.

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