terça-feira, 12 de julho de 2011

Aterro em Lisboa às 23h e à espera está o meu melhor amigo. Podia ter ido de táxi para casa, mas não seria a mesma coisa. Depois de quase uma semana, sem televisão, jornais e conversas de amigos, queria saber novidades, e ele é daquelas pessoas que sabe sempre tudo, que tem sempre algo a dizer, e é dono de um humor inglês digno de nota.
Depois de fazer mil e uma questões a mim e ao Manel, chegou a minha vez de perguntar.
- Então por aqui, que novidades há?
- Nada de especial...
- Não, nada?
- Quer dizer, o Passos Coelho fez questão de ir à festa dos tabuleiros e a Moody`s, a agência de rating, considerou-nos lixo!
- Lixo???!! Estás a gozar?
- Sim, não viste noticias em Menorca?
- Não! Fiz questão de não ver televisão. Mas lixo, como?
- Lixo, lixo quer dizer que para eles não valemos nada, e agora a coisa já está a espalhar-se para Itália e Espanha. Esta especulação das agências de rating é o que fazem, como sabes! Mas pronto o Optimus Alive encheu, estava à pinha, e para o Meco já não há bilhetes nem para o dia 15, nem para os três dias.
Ele falava e entretanto já a palavra lixo não me saia da cabeça. Vão-se lixar! Lixo, lixo o tanas, especuladores de merda! Vergonhoso o termo lixo, vergonhosa a especulação, vergonhoso o facto das agências de rating, que vomitam estas coisas, serem três e curiosamente todas norte americanas. Até simpatizo com os EUA, mas não com o capitalismo exacerbado. Cheguei a casa e fui ler de imediato os jornais on-line.
Li e gostei do que os portugueses fizeram em tom de protesto à página da Moody´s e li e gostei do que disse a comissária europeia para a justiça, Viviane Reding, em declarações aos media, que foi:

“A Europa não pode permitir que o euro seja destruído por três empresas privadas norte-americanas”, exigindo mais transparência e mais concorrência na avaliação de Estados pelas referidas agências.
E acrescentou "só vejo duas soluções, ou os Estados do G-20 decidem desmantelar o cartel das três agências de rating norte-americanas, e de três agências fazer seis, por exemplo, ou criar agências de rating independentes na Europa e na Ásia”.

Na verdade alguém tem que meter a mão nisto, e precisam-se mesmo de agências de rating independentes, sem interesses! Isto faz-me lembrar uma pessoa que caiu e está mal e quando se está para levantar, alguém vai lá dar mais uns pontapés, antes de dar a mão para ajudar a levantar.
É que é muito curioso as agências de rating serem todas norte-americanas, e curioso a moeda rival do dólar ser precisamente o euro, curioso... criar especulação e medo nos investidores para depois ficar a assistir a um efeito dominó pela Europa.
A seguir Itália e Espanha?!!! Ainda ontem fiz escala em Madrid e fiquei espantada, realmente espantada, com a vida na Gran Via, na Praça Cibelles, nas Portas do Sol com milhares de pessoas às compras, a jantar, a sair do trabalho às oito da noite. Espanha pode ter muito desemprego, neste momento, mas acredito que a nível económico está longe de uma Grécia ou mesmo de Portugal, que é tudo menos lixo (apesar de termos que fazer um enorme esforço para melhorar em muita coisa). A verdade é essa. Que há dificuldades há, muitas, e crise também, mas sobretudo de valores.

1 comentário:

Anónimo disse...

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