terça-feira, 4 de outubro de 2011

O amor é mesmo f*****

A. e L. são meus amigos desde a adolescência, daqueles verdadeiros que estão ali para o que der e vier. Ambos estão na casa dos 35, são bem giraços, têm sentido de humor, bons profissionais  nas suas áreas e sem grandes problemas de dinheiro. Aparentemente tudo perfeito, certo? Certo. Não fossem os problemas de coração. Não cardíacos, que os rapazes são bem saudáveis, mas amorosos.  Eu costumo dizer que são dois case studys. Um admite que não sabe o que se passa. O outro garante que não se passa nada. Passo a explicar.
A. tem um rol interminável de casos, e quando digo interminável não estou a exagerar. Cada vez que estamos os dois a conversar fico estupefacta com a quantidade de mulheres que conhece e se envolve para depois não haver seguimento amoroso com nenhuma. "O que é que tu queres?! Não me consigo apaixonar!", diz-me em modo desesperado. "E escusas de olhar assim para mim. Não penses que as engano hã, não finjo nada. Aliás, hà pouco tempo até confessei a uma, antes de irmos para a cama, que dificilmente me envolvia. Não é que não quisesse, é que não conseguia!".
Fiquei a olhar para ele, sem saber se havia de rir ou chorar. Na verdade, A. tem escolha facilitada a mais. Muita mesmo. E depois uma não faz clik, e depois a outra é doida porque liga 200 vezes, e a outra que até parece uma miúda normal aparece lá em casa sem avisar, enfim... Na verdade, ele nunca quer mas também não deixa ir. Se a campainha toca, lá faz um jantar maravilhoso (sim porque também cozinha bem), se lhe aparece alguma mais chorosa, ele consola, anima, sugere que durma lá em casa, e  por ai adiante. Se o cliché já diz que as mulheres gostam de homens que lhes dão para trás, imaginem um que lhes dá para trás mas trata muitíssimo bem! A junção é tão explosiva quanto irresistível porque no fundo há sempre a esperança de que ele pode mudar. "Não sei o que se passa comigo, gostava tanto de me apaixonar e ter filhos, que nem imaginas" diz-me. "Imagino, imagino, mas isto de coleccionares casos desprovidos de sentimentos é capaz de não ajudar, não achas? Um coração grande onde cabe tanta gente é capaz de estar confuso..." Ora aqui está um belo exemplo de um homem com tanto mulherio e ao mesmo tempo imensamente sozinho. 
Por outro lado, L. não tem metade das dores de cabeça. Menos caseiro e mais boémio, tem menos dúvidas existenciais. Um gentleman de bom coração com as amigas, parece uma rocha com as mulheres. "Fáfi, não ando aqui a enganar ninguém. Não calhou ainda apaixonar-me à séria, quando isso acontecer é diferente". Não ludibria, também não cozinha bem, e talvez por isso não alimenta relações que não quer. "É difícil arranjar alguém de confiança nos dias que correm, vocês falam dos homens, mas maior parte das mulheres que conheço são piores que nós! Já te contei daquela miúda que tinha namorado há 12 anos e que andava a dar umas voltas comigo, sem problema nenhum, e da outra que queria ir lá a casa pouco antes de casar, não contei?. As mulheres andam doidas, é o que te digo. Dão-se à morte". E pronto, é isto. Lá lhe digo que há muita mulher carente e mal-amada, mas não pode tomar isso como a maioria, e que vale a pena tentar e acreditar. "Mas eu não ando à procura de nada! Por isso ando muito bem!". Pois, andar mal não anda, mas no outro dia lá se lhe escapou que não se importava nada de ter alguém à séria. Sinceramente penso que não dá hipóteses a ninguém de se aproximar verdadeiramente porque tem um medo terrível que alguma o leve na certa e o faça sofrer como nunca sofreu. Mas isso sou só eu aqui a dizer umas coisas.
Mas que fico triste, fico, por andar meio mundo a enganar o outro, quando todos querem o mesmo, ser felizes! Ai, ai, ai, tanta alma sedenta de amor que anda para ai desencontrada!

Sem comentários: