sábado, 10 de dezembro de 2011

A Malásia pela Carolina

A Carolina chegou há poucos dias da Malásia, mais precisamente da ilha do Bornéu, onde está a dar formação de inglês a professores primários. Para os mais atentos já tinha escrito aqui a admiração que tenho por ela, por optar por não estar na sua zona de conforto, por optar por ir, por acreditar que faz mais sentido ir para lá, seja em que parte do mundo for, do que estar aqui! Já esteve no meio do nada nos Camarões, Cabo Verde, Moçambique, e agora foi para a Ásia.
É natural do Porto, e depois de um dias na invicta está em Lisboa. Hoje estivemos finalmente juntas. E as perguntas são sempre mais que muitas e o que tempo mais que pouco. Contou-me que sente uma enorme solidão na Malásia, que vive sozinha numa casa enorme, e conduz todos os dias uma pick up para ir dar  aulas, ou seja as condições são boas, mas os amigos escasseiam. "Lá a sociedade é muito fechada, as pessoas não se abraçam, não se tocam, não são carinhosas... ponto. No fundo vive-se numa espécie de ditadura encapuçada, onde predomina o islamismo. O que me vale é ao fim-de-semana estar junta com os outros "formadores" que também estão em missão na Malásia. Vivemos todos em cidades diferentes mas juntamo-nos quando podemos".
E como é que aguentas, o que fazes para passar o tempo? Pergunto. "Não é fácil porque na cidade onde estou não há cinema, não há cafés, nada, às seis da tarde já não se vê praticamente ninguém na rua... existe apenas um ginásio para onde as miúdas vão todas doidas fazer exercício como se não houvesse amanhã, de burka!"
E quando estás de férias? "É o melhor, já viajei pela Malásia toda, e depois já fiz umas viagens perto, já estive na India, no Cambodja, nas Filipinas, e em breve irei ao Vietname. Sabes onde está o segredo? Na Air Asia, a companhia aérea low cost que é uma maravilha, tem rotas e preços maravilhosos, um atendimento e uma comida ótima. A dificuldade está em escolher".
E foste sozinha para a India, para o Cambodja e para as Filipinas, deixa-me adivinhar..., digo. "Claro, sabes que sim, para mim é uma maravilha, ando à minha vontade, visito o que quero e pronto".
É mais forte que eu e sai-me o desabafo - não sei como és capaz de viveres sozinha, viajares sozinha e não teres por perto nem amigos nem familiares, ninguém! "Quando te digo que sinto solidão não é de viver sozinha nem de viajar sozinha, eu lido bem comigo e gosto de estar assim. O que me custa é viver numa sociedade hostil, sair de casa e ninguém me dizer bom dia ou como está, aliás ninguém olha mais que um segundo para ninguém. Isso é que me custa. Mas pronto, as paisagens são maravilhosas, as praias de cortar a respiração e estou na terra do camarão. A natureza ajuda-me."

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