quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O privilégio de ter um (bom) médico de família

Hoje foi dia de ir ao médico, a um dos dois que me acompanha na gravidez. Tenho o ginecologista/obstreta por um  lado e o médico de família por outro. Hoje foi dia de ter consulta com o Luís, o segundo. É meu médico de família há alguns anos e cada vez que vou lá tenho noção do quão privilegiada sou. Além de ser calmo, humano, amigo, bom conselheiro, bem disposto está sempre disponível; se acontecer alguma coisa a algum dos seus pacientes e não tiver consulta marcada todos sabem que ele chega  diariamente hora e meia antes do horário das consultas para ver quem precisa.
A rir o Luís costuma dizer que os médicos de família estão em vias de extinção neste país e eu posso dizer que ele é mesmo uma raridade. Quando a minha mãe foi operada ao joelho no ano passado, não se contentou com uma conversa telefónica, fez questão de vir cá casa vê-la, dar indicações, ouvi-la e ajudá-la na recuperação. 
Hoje fui com o meu rapaz à consulta que apenas conhecia o Luís de uma forma superficial, uma vez o médico de família dele é outro. Enquanto estávamos na sala dizia-me ele "o médico já está com o mesmo paciente há mais de meia hora, não é um exagero?! Vais ver que não", respondo-lhe. 
Quando chegou a nossa vez ele percebeu o porquê. Simplesmente o Luís não tem pressas. Analisa tudo, faz todas as perguntas e mais algumas (tens comido bem? E bebido muita água? Não tens comigo sushi e tens feito caminhadas, certo? Vou explicar-te quais são os próximos exames que tens que fazer, ok?) vê a tensão arterial, tira dúvidas, relembra dados importantes, desdramatiza, fala dos próximos meses e das alterações que vou sentir e sobretudo faz isto porque no momento da consulta sou realmente a pessoa mais importante para ele. 
Quando oiço um grande número de amigos à minha volta dizer que não tem médico de família, fico a pensar a diferença que seria se todos tivessem "direito" a um Luís...

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