quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Quando a origem fala mais alto

Joana tem 33 anos, é natural do Porto, mas a família paterna é do Ladoeiro, aldeia, no concelho de Idanha a Nova, (perto do meu querido Monsanto). Decidiu tirar o curso de arquitetura, longe de pensar que alguma vez trocaria a cidade pelo campo. O último ano do curso decidiu fazê-lo em Itália, mais precisamente em Florença. “É maravilhoso ir para fora, mas também é no estrangeiro que sentimos mais a falta do nosso porto seguro, do aconchego dos pais, dos avós, e foi neste último ano que percebi que queria estar mais perto das minhas raízes, do que é essencial, e sem perceber bem porquê, percebi que quando voltasse para Portugal devia voltar para o Ladoeiro”.
E voltou. Voltou para a terra dos seus avós paternos e com o curso de arquitetura foi pedir emprego à CM de Idanha-a-Nova. O gosto pelo azeite nasce quando lhe adjudicaram o projeto de um lagar de azeite. “Para o concretizar tive que estudar muito sobre a matéria mesmo para saber como se devia executar os meios técnicos, fiz muita pesquisa relativamente ao tema a apaixonei-me”. Apaixonou-se pelo tema, e pela produção de azeite que atualmente faz em pequena escala. O pai é empresário agrícola, a avó em tempos idos já tinha tido um lagar. Por isso, “apesar de ter seguido arquitetura nada acontece por acaso, o bichinho já cá devia estar”.
Devido ao seu interesse pelo projeto do lagar, convidaram-na para vice-presidente e depois para presidente da Cooperativa Agrícola dos Olivicultores do Ladoeiro – Coopagrol, onde tem sido de um empreendedorismo notável.
É uma jovem que diz “adoro ouvir os mais velhos, existe uma riqueza enorme nas suas memórias, em tempos ainda comecei a escrever um livro das conversas que tinha com a minha avós e as amigas, pois elas têm vivências únicas…” E por isso teve uma ideia maravilhosa, junto das juntas de freguesia pediu para a ajudarem a encontrar a pessoa mais velha de cada uma das 17 freguesias do concelho de Idanha e “colocou a fotografia da pessoa mais idosa de cada freguesia (todos entre os 93 e os 103 anos) na garrafa do azeite Origem onde existe um poema com duas versões. Lido de cima para baixo são os idosos zangados por se ter abandonado o campo, porque na sua altura os campos estavam cheios e respeitava-se a terra e não percebem porque a abandonaram. Lida de baixo para cima é uma resposta positiva de quem está de volta às origens com uma visão esperançosa. No fundo assume-se um compromisso de respeitar e trabalhar novamente a terra.
Na Cooperativa do Ladoeiro, criada há três anos, a produção tem vindo a crescer e para este ano está prevista uma produção de cerca de 110 mil litros de azeite, que “será a maior produção de sempre”, admite Joana Rossa. A qualidade do azeite da Cooperativa Agrícola dos Olivicultores do Ladoeiro – foi reconhecida e certificada pela União Europeia com Denominação de Origem Protegida (D.O.P.) - “Azeite da Beira Baixa”.
A Joana é um caso de empreendedorismo num dos concelhos mais envelhecidos e desertificados do interior do país. Hoje conhecemo-nos e ela ficou com (mais) uma admiradora.


Joana e o azeite Origem

3 comentários:

Joana Duarte disse...

e qualquer dis estou lá eu, na minha querida Beira Baixa, com uma horta e onde se houve os passarinhos logo pela manhã...já estive mais longe desses pensamentos :)

Anónimo disse...

Obrigada Fátima por toda a sua dedicação e profissionalismo! As meninas Laura e Catarina continuam radiantes pela experiência que tiveram e eu muito contente por elas. O que continua também são as discussões com as letras das musicas, felizmente sem nenhum microfone por perto. São mesmo assim! Não conseguem estar uma com a outra, nem uma sem a outra! Um beijinho muito grande, com votos de que nos faça uma visita! Joana Rossa

Felina na Cidade disse...

As meninas Laura e Catarina são maravilhosas e, sem dúvida, grandes amigas! Costuma-se dizer que só discutimos com quem mais gostamos! :)) Fico muito contente por terem gostado da experiência.
Quanto à visita, está prometida!
Beijo enorme