domingo, 10 de junho de 2012

Dia de Portugal, a força do futebol e a sorte

Ontem vinha na A23 a ouvir a Antena1. Mãe ao lado. Carro cheio de alfaces, couves, ovos, laranjas, limões, cerejas, pão caseiro, enfim, tudo a que se tem direito quando se vai dois dias a casa da avó na aldeia, que apesar dos 86 anos, e da saúde não ser o que era, faz por se manter minimamente ativa. 
O meu objetivo era chegar a Lisboa e assistir ao início da partida de Portugal. O melhor amigo já tinha ligado a dizer onde era o ponto de encontro, e eu já só pensava em estar sentada a beber uns belos de uns panachés e a olhar para o ecrã! Se sou fanática por futebol? Não. Se gosto de assistir aos jogos da selecção? Sempre!
Ligo o rádio para ouvir o que se passa em Lviv. A minha mãe ao lado, que não liga nada a futebol pergunta-me se acho que ganhamos aos alemães. Sem tirar os olhos da estrada digo-lhe: ganhamos ou empatamos. Perder não. Ela reitera que eles são fortes. Eu digo que sim, que devem ser, mas nem por isso melhores que nós, apenas gozam de mais favoritismo.
Ontem acreditei como hoje acredito. Apesar dos jogos com a Macedónia e a Turquia nunca duvidei da capacidade da selecção. Nunca fiz parte do rol de vozes ressabiadas e amargas que prevêm sempre o pior e que aliás me irritam solenemente. Claro que não gosto de tudo... desagrada-me, por exemplo, que sejamos das selecções com o alojamento mais caro do Euro e que o Cristiano Ronaldo considere útil mudar de penteado no intervalo do jogo. Mas voltemos à crença. Sempre acreditei que se fossem unidos (esta era a minha única dúvida), tal como qualquer equipa que se preze, a superioridade apareceria por si. Porque bons já os jogadores são, se não, não jogariam nos melhores clubes do mundo. E foi isso que aconteceu. A meu ver, jogamos melhor, os alemães não nos amedrontaram, e mesmo depois de sofrer o golo ainda tivemos mais garra. Bolas ao poste com fartura, bolas quase a entrar, remates ao lado. Houve tudo, inclusive pouca sorte. Foi só ela que ontem nos faltou. Mas a equipa não envergonhou e no final apesar de triste não deixei de me sentir orgulhosa.
Hoje comemora-se o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades e quando estava à beira rio a olhar para os barcos lembrei-me da conversa que ouvi, entre os velhotes, ontem enquanto tomava café, depois de almoço, no café da aldeia. Dizia o ti Joaquim ainda em relação ao futebol "só não ganhamos isto se não quisermos. Qual alemães, qual quê! Podiam até vir os espanhóis! Não te esqueças que há 500 anos enfiamo-nos dentro de barcos para descobrir o mundo! É preciso não esquecer isso! Isso e que de um condado conseguimos passar a ser um país. Somos um povo destemido, ouviste?!" O companheiro do lado calou-se. "Destemidos e capazes", finalizou. Que venha a sorte porque o resto parece que já temos.

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