segunda-feira, 2 de maio de 2011

Esta sociedade não é para gordos!

Eu que acompanho o Biggest Loser e que assisto, de forma enternecedora, há algumas semanas a um grupo de obesos a dar tudo por tudo no meu ginásio (que quis acompanhar  esta onda televisiva e decidiu criar o programa de exercício Peso Certo), estava mais que curiosa para ver o que a versão portuguesa, de Peso Pesado, tinha para mostrar.
Vi tudo e para a primeira vez esperava um tcharam maior. Faltou dar ênfase a alguns momentos e deixar respirar outros, faltou magia, "ao nível do som", dizia o meu rapaz. Faltou algum suspense. Para não falar da ideia peregrina de expulsar falsamente um par em jogo, mesmo antes deste desfazer as malas, para ter como pretexto a entrada de um comando em cena, a mandar baldes de água à cara de um obeso com 137 kgs... o que foi despropositado. No mínimo! Se queriam inovar e pôr uma novidade, que não constasse no formato original, até o podiam fazer, mas não em versão humilhação. Para isso, já basta o peso que os concorrentes têm. O comando podia entrar, por brincadeira, noutras ocasiões para surpreender, mais nada. 
Seja como for, e porque programas como este não tratam só de peso mas sim de emoções, torna-se difícil não nos emocionarmos com as duras realidades dos concorrentes. Ontem fiquei com o coração pequenino ao ver a Susana, uma rapariga de 28 anos, que hoje soube que tem 170,9 kgs, com uma enorme dificuldade em levantar-se depois de cair na lama. Enterneceu-me tudo nela, mas sobretudo o ar doce que tem, mesmo quando aos quatro anos conheceu a frieza do primeiro lar. É a minha preferida e penso que a mais pesada, e por isso também a que tem o desafio maior.
No meio de tudo isto, lembrei-me que há uns meses levei três obesos ao programa para darem o seu testemunho. Nunca me esqueci da frase "há um falso sorriso na cara de um gordo". Acredito que há mesmo. Esta sociedade não é para gordos! Qual interior, qual quê! Tudo balelas que dizemos e que saem da boca para fora para parecer bem. Não é que o interior não conte, mas o "embrulho" continua a ter um peso desmesurado quando se trata de escolher alguém. Na verdade, e pelos testemunhos, é recorrente ouvir a vergonha que se sente em sair de casa, os namorados que custam a aparecer, e a fraca auto estima, quando todos os olhares na rua são recriminadores ou de gozo. 
Esta sociedade realmente não é para gordos, e só por isso já vale a pena haver programas assim.

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