sábado, 21 de janeiro de 2012

Os sonhos existem para serem realizados

Ontem conheci a Cátia. Tem 21 anos, uma doença rara e desde o ano passado uma leucemia adicionada a complicações como diabetes, e outras coisas simpáticas... A Cátia vive com a mãe que ganha cerca de 285 euros de rendimento social e que não pode trabalhar porque tem de acompanhar a filha permanentemente. Já tinha falado ao telefone mas quando as vi enterneci-me de imediato. As duas, de mão dada, entraram no estúdio felizes. Era um dia diferente para a Cátia.
- Muito obrigada pela possibilidade de estarmos aqui. Diz-me a mãe.
- Era um dos meus sonhos! Há muito que gostava de vir cá. Revela-me a Cátia, de máscara na cara, cabelo curto, um corpo cheio por causa dos corticóides e um sorriso enorme e meigo.
- Não há nada a agradecer. Eu é que agradeço e fico contente por ajudar a concretizar um sonho! Digo num sorriso meio disfarçado, tal era  força que fazia ao cerrar discretamente os dentes, para não derramar uma lágrima à frente dela. Era só mesmo o que mais faltava! Chorar quando a Cátia estava a rir.
Durante a tarde falamos muito e observei-a mais ainda. Sempre que ouvia música dançava. Mesmo sentada, dançava. A mãe já me tinha falado da boa disposição dela e da forma como contorna os momentos que a doença torna duros. Os médicos disseram que dificilmente aguenta mais quimioterapia e a mãe revela-me que é incerto o tempo de vida.
Soube que a Cátia também gostava de conhecer o Fernandes Mendes, porque tal como ela "é um grande sportinguista". E como é algo que está ao meu alcance, comecei já a tratar do assunto. Ao longo da tarde nunca derramei uma lágrima. Nunca. Nunquinha. 
Cheguei a casa e ouvi as declarações no nosso PR a dizer que estava em apuros económicos e lembrei-me dos 285 euros da mãe da Cátia.
Mais tarde, sozinha, dentro do carro não consegui controlar o choro. Chorei porque o choro foi mais forte que eu. Chorei por perceber que há sonhos tão fáceis de realizar. Chorei pelas desigualdades injustas. Chorei porque a Cátia merecia ter uma vida longa e cheia de sonhos concretizados. Chorei por ver quanto sou abençoada. Chorei porque devia acreditar, mais ainda, na magia dos sonhos.


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